quinta-feira, 10 de julho de 2008

Capítulo III - Ah, se meu Código falasse!

Capítulo III

Semanas depois...

O sétimo conselheiro suspira com muito cansaço:

- Companheiros, eu acho que o PROCESSO está pronto! Quem se habilita a ligá-lo?

O Processo tinha uns 2,5m de altura e 1,5m de ombro, era um Cavaleiro Guerreiro bastante forte, capaz de atender a dez pessoas ao mesmo tempo, pela sua força e inteligência.

- Eu! - Disse o próprio sétimo, antes que alguém ensaiasse um movimento de levantar o braço.

E apertou o botão.

Nesse momento, o processo ficou de pé e começou a gastar seu latim com os conselheiros:

- Quem são vocês?

O silêncio tomou conta do local, e o medo de terem construído um monstro também. O sétimo por estar mais perto se achou no direito de responder:

- Nós somos os dez conselheiros do Rei Código, e você é o Processo.
- Nós servimos ao Rei Código, que serve ao deus Usuário.
- Complementou o terceiro.
- O que querem de mim? - Perguntou o Processo, exprimindo bastante curiosidade.
- Nós o construímos para que você sirva a todos nós e principalmente ao Rei. - Retrucou o quinto imediatamente.
- Será um prazer servi-los, bem como servir ao Rei. E falando em Rei, será que eu poderia conhecê-lo?
- Com certeza!
- Responde o sétimo.

Nesse momento todos já demonstravam um claro ar de tranquilidade e satisfação. E enquanto dirigiam-se para a sala de reuniões real, iam conversando com o Gigante Cavaleiro. Chamaram então o rei. Esse ao entrar na sala se espantou ao ver o Cavaleiro Guerreiro e perguntou:

- Quem é esse... Digamos, monstro?
- Mais respeito, alteza!
- Respondeu o Gigante com toda polidez. - Meu nome é Processo, e eu sou seu mais novo servo. Seus servos me construíram para que eu os pudesse fiscalizá-los... Ops! Digo, servi-los para que evitem cometer mais erros ao consertarem Vossa Excelência.

Imediatamente o sétimo cochicha com o terceiro:

- Ele falou fiscalizar?
- Sim, mas se corrigiu. Deve ter faltado algum treinamento daquela rede neural que o oitavo colocou nele.
- Ahhh tá. Tá certo.
- Se convenceu o sétimo. - Além do mais fiscalizar e servir é praticamente a mesma coisa, né? - Na verdade se convenceu até demais.
- Hummm! Digamos que... É... É quase a mesma coisa. Mas faça silêncio e preste atenção na conversa.

O Rei se aproxima do Guerreiro, dá uma volta ao redor dele, dá uma geral nele, e voltando-se para os conselheiros perguntou:

- De quem foi a idéia de construir esse tal de Processo?
- Do sétimo, Alteza!
- Respondeu o Processo.
- Como você sabe que a idéia foi minha? - Espantado, o sétimo pergunta.
- Você mesmo me falou no caminho para essa sala. - Retruca o Processo com a educação de um lord.
- Silêncio! - Reclama o Rei. - Sir Processo, faça um minuto de silêncio, por favor, pois a pergunta foi dirigida aos meus conselheiros.
- Sim, Majestade! - Cala-se o Processo.
- Quem me garante - com um ar duvidoso, pergunta o Rei - que esse Cavaleiro vai funcionar corretamente, uma vez que foram vocês mesmos quem o fizeram?
- Nós garantimos, Alteza!
- Se aventura o primeiro. - Nós passamos muito tempo estudando o estado da arte para chegarmos a esse resultado.
- Vocês testaram o comportamento dessa coisa?
- Sim!
- Erguendo a mão, responde o segundo.
- Posso saber como?
- Achamos conveniente escrever Atas de Reunião a partir de agora, de modo que possamos recorrer a elas quando tivermos alguma dúvida do que foi definido no passado.
- Com firmeza, retruca o quarto.
- E onde entra o teste nessa história?
- Nós ensinamos isso para o Processo e ele mesmo escolheu a mim, para anotar tudo o que foi discutido aqui, provendo-me papel e lápis.
- Responde o redator: o quinto.
- E após o final dessa reunião, nós daremos essa Ata ao Processo que a guardará adequadamente para futuras consultas. - Complementa o sexto.
- Então, seu sétimo, posso saber o motivo pelo qual o senhor teve a idéia de construir esse Gigante para servi-los?
- Como já falei, Alteza, seus servos me construíram para que eu pudesse servi-los, a fim de que não cometam mais erros ao consertarem Vossa Excelência.
- Responde o Processo.
- Eu não pedi para o senhor ficar calado, Sir Processo? - Aborrecido com a desobediência, pergunta o Rei.
- Sim, Alteza. Mas preciso lembrá-lo de que o senhor me pediu um minuto de silêncio, e um minuto acabou no momento em que Vossa Excelência falou a palavra "idéia" na pergunta ao sétimo.

Não só o Rei, mas todos os conselheiros ficaram surpreendidos com tamanha precisão e atenção aos procedimentos e ordens. Então o Rei deu o braço a torcer e disse:

- Bem, vejo que dessa vez esses trapalhões fizeram alguma coisa que prestasse. Pois bem, Cavaleiro, qual será sua primeira atividade?
- Alteza, pretendo com a ajuda dos seus conselheiros armazenar toda a história de Vossa Excelência, desde o início até agora, em documentos que poderão ser consultados a qualquer momento por qualquer pessoa autorizada.

O quinto se vira para o terceiro e cochicha:

- Você especificou certo? Ele não chamou a gente de "mestres", mas de "conselheiros do Rei".
- E não somos conselheiros do Rei?
- Pergunta o terceiro, defendendo-se de uma possível culpa.
- Sim, mas também somos mestres do Processo. Ele deveria nos tratar como tais.

O Rei percebe o cochicho, mas não se mete. E acrescenta:

- Pois bem, o que vocês estão esperando para contarem sobre minha vida para ele? Essa é a hora de fofocar. Go ahead!!!
- Quinto, passe-me a Ata de Reunião.
- Mostrando trabalho, o Gigante se pronuncia.

Quando todos saíram, o Rei pensou consigo mesmo:

- Tem alguma coisa estranha nessa história.

E os conselheiros passaram mais outras tantas semanas contando a história do Rei para o Guerreiro, que não parava de gerar documentos e mais documentos a respeito do que os conselheiros conseguiam lembrar.

To be continued...