quinta-feira, 8 de março de 2012

A gente só ama o que a gente conhece


Texto grande, mas vale a pena ler.

"Meu povo se perde por falta de conhecimento" (Os 4, 6). Essa foi a frase que o profeta Oséias usou para dizer que não havia "sinceridade nem bondade, nem conhecimento de Deus na terra" (Os 4, 1). Podemos dizer que hoje ainda tem muita gente no mundo que não tem o conhecimento de Deus: uns porque não foram alcançados ainda, outros porque simplesmente se esquivaram desse conhecimento. Esse post tem foco naqueles que se esquivaram de conhecer Deus, Suas palavras, Seus ensinamentos, Sua história de amor com humanidade e com a Igreja.

É impressionante como essas pessoas teimam em falar da Igreja e da sua horripilante história de pecados e é impressionante como essas pessoas não dão o direito da Igreja se defender. As informações que essas pessoas aprendem geralmente vem dos meios de comunicação de massa, muitas vezes criticados por essas mesmas pessoas quanto à veracidade e sensacionalismo das informações. Abrem-se para o que qualquer TV ou Jornal diz. Não querem aprender e não querem saber o outro lado da moeda. Se afastam da Igreja porque é fácil dizer: a Igreja é uma &%$#@ e eu não. Justificam sua ausência na Igreja por conta dos seus erros. O que tem de fácil para dizerem isso, tem de difícil para deixarem a Igreja dialogar. Não dão espaço pelo menos para que a Igreja diga: "Eu errei, mas não foi assim como tão dizendo, ok? Ouça a minha versão!", ou pelo menos para que a Igreja diga: "Eu não fiz isso o que estão dizendo", ou pior ainda: "Eu fiz exatamente isso. Perdoe-me!". Digo pior, pois pedir perdão a quem não fez experiência de perdão é complicado.

Certa vez (há quase 10 anos) em uma conversa desse nível com colegas de trabalho, um deles disse: "A Igreja fez isso, e isso, e aquilo, e mais isso, e ...". Fiquei calado e quando ele terminou falei: "Cara, isso tudo o que você falou é novidade para mim, pois confesso minha limitação com a disciplina de História, mas eu conheço um cara que sabe bem essa parte histórica da Igreja. Quer conversar com ele?". Eis que ele, depois de alguns poucos segundos de silêncio, responde: "Eu não sei se eu quero mundar minha opinião".

Toda vez que eu me lembro dessa resposta eu preciso de um tempo para pensar. Por isso peço alguns segundos seus para pensar. Volto já.

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Voltei. É a mesma coisa de pedir ajuda a alguém com um problema de matemática e dizer para a pessoa que você não quer que ela ensine do jeito dela. Enfim, por conta disso tudo, não importa o que a Igreja tenha feito de bom (e diga-se de passagem foi muita coisa), o rótulo de bruxa malvada vai permanecer na cabeça dessas pessoas. Por exemplo, estava outra vez (dessa vez mais recente: 2011) em outra conversa sobre Igreja com colegas do trabalho. Eis que um deles falou, e falou, e falou, e falou tudo de ruim que a Igreja fez. Eu cheguei pra ele e falei: "Eu sei que a Igreja errou, mas não acho que foi assim como você tá dizendo. Mas mesmo que fosse, o Papa João Paulo II pediu perdão público pelos pecados da Igreja. O camarada me respondeu que não dava pra perdoar. Foi quando falei: "Você falou tudo o que a Igreja fez de ruim. Agora me fale o que a Igreja fez de bom". Rapaz, o cara começou a gaguejar e disse: "Essa questão da oração, de colocar o ser humano em contato com Deus". Pensei comigo mesmo na hora: a oração é a resposta dele? Só isso?

Mais uma vez eu peço alguns segundos para respirar um pouco, pois sempre que lembro dessa resposta eu penso o mesmo que pensei na hora do evento.

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Essa mesma Igreja de pessoas pecadoras, que faz tudo isso o que você disse, ou até pior, é a mesma Igreja que faz muitas coisas maravilhosas, é a mesma Igreja de São Francisco, Santa Teresinha, São José de Cupertino, Beato João Paulo II, ... Enfim, mas como a inteção aqui não é defender a Igreja, mas falar da falta de conhecimento de Deus, voltemos ao assunto.

Percebo que essas pessoas aversas ao que Deus tem feito, falado e ensinado através da Igreja todos esses anos são pessoas que não gostam de ser moldadas. Se elas fossem árvores, seriam árvores que querem crescer do jeito que bem entendem e não querem ser podadas para se tornarem árvores bonitas. Elas morrem de medo de que Deus, usando-Se de pessoas pecadoras (às vezes mais que elas), peça para que elas mudem. Se aceitarem tal invasão, se sentem como imbecis e alienados que têm suas vidas adestradas pelos outros espertos e &%$#@ como chamam. Para quem não sabe, a correção fraterna é vivida na Igreja desde longos tempos. Não é de hoje. E nessa Quaresma o Papa Bento XVI, em sua mensagem para a Quaresma de 2012, alentou os católicos a recuperarem a correção fraterna porque diante do mal não devemos ficar calados.
Então o que resta a esses que se fecham para a Igreja? Ou procuram outra religião, ou vão se autodenomiar agnósticos ou ateus. Falo aqui de forma geral, pois é difícil falar de cada caso, ok? Cara... Na boa... Tem gente que se diz ateu, porque é mais cômodo, quando na verdade é preguiça de adquirir conhecimento. Quer ser ateu? Seja! Mas seja sério. Certa vez vi um vídeo em que o Dr. Dráusio Varela falava sobre sua opção pelo ateísmo, mas quando foi falar da Igreja ele falou as palavras que a Igreja fala e no final e discordou do ponto de vista da Igreja. Isso é um ponto de vista sério daquele que não crê. Mas o que se vê por aí é dizer que não se crê, porque a Igreja diz isso ou aquilo, quando na verdade ela não diz.

Hoje, se a Igreja fala alguma coisa, reclamam. E se não fala, reclamam também, como foi o caso do Papa Pio XII. E aqui é um excelente exemplo do que venho falando esse post todo. Muita gente espalha a informação de que o Papa foi omisso durante o Holocausto. "Falando do Papa Pio XII, o mais importante perito sobre o Holocausto na Hungria, Jeno Levai, declarou que foi uma ironia 'especialmente lamentável que a única pessoa em toda a Europa ocupada que fez mais que qualquer um para frear o terrível crime e mitigar suas consequências, se tenha convertido hoje em dia no bode expiatório dos fracassos dos demais'", ou seja não foi um zé ninguém que falou isso. Mas quem sabe? Quem? Levanta a mão aí? Ou quem não sabe, mas procurou saber? Quem? Alguém?

Para quem quiser ler mais um pouquinho sobre esse assunto, seguem os links:
É o que eu costumo dizer: se o camarada não quiser acreditar, ele não acredita. Pode vir o sacerdote Giancarlo Centioni (do terceiro link acima) e dizer: "Eu estava lá e ajudei no plano do Papa para salvar os judeus", mas se o cara não quiser acreditar, ele não acredita e vai duvidar até a morte. Assim como tem gente que não acredita que o homem pousou na lua ainda hoje, tem gente que acha que Igreja é a mesma de 500 anos atrás. Tô falando sério. Acreditar é uma decisão.
Galera, amigos, amados de Deus, se você teve paciência de ler o post até agora, aqui vai o recado pra você: a gente só ama o que a gente conhece. "Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto" (Mt 7,7). Busquem conhecer e vocês vão conhecer. Fico feliz por poder testemunhar isso na minha vida, pois logo quando comecei minha caminhada com Cristo, eu sentia medo de questionar, pois não queria perder minha fé. Mas num belo dia de oração pessoal, Deus me disse que eu não tivesse medo de questionar, pois Ele não iria me decepcionar. E posso dizer que cada vez mais que eu conheço eu amo mais. Outro testemunho a dar é de um amigo do trabalho. Várias vezes falei para ele que a gente só ama o que a gente conhece. Até que um belo dia, em São Paulo, quando ele foi ao show do U2, uma pessoa fantasiada de Espírito Santo, repito Espírito Santo, entregou um papelzinho a ele, e quando ele abriu o papel estava escrito: a gente só ama o que a gente conhece. Só faltou Deus desenhar, né? Mas como eu disse: Acreditar é uma decisão. Se ele quiser ele duvida até disso. Eu não.

E aqui fica uma dica final que tem me ajudado MUITO na minha vida cristã. O catecismo, no parágrafo 2518 alerta para a sexta bem-aventurança que diz que os puros de coração verão a Deus. Logo em seguida ele fala de como conseguir a pureza de coração assim: Os fiéis devem crer nos artigos do símbolo, "para que, crendo, obedeçam a Deus; obedecendo, vivam corretamente; vivendo corretamente, purifiquem seu coração; e, purificando o coração, compreendam o que crêem". Às vezes a gente não entende, porque nosso coração não está puro. E se não estiver puro como pode compreender as coisas do Alto?

Comece crendo, e não compreendendo. Comece com essa decisão de crer. Até agora, Deus não me decepcionou.

A gente só ama o que a gente conhece, galera.

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