sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Não tem quem me explique

É cada uma que aparece por aí, que a gente não sabe se ri ou se chora.

O jornalista americano A.J. Jacobs, agnóstico, fez uma lista de 72 páginas com mais de 700 regras, do Gênesis ao Apocalipse, de como o homem deve viver. Jacobs decidiu que passaria um ano vivendo de acordo com os preceitos bíblicos, interpretando sozinho as escrituras. O resultado disso ele colocou no livro "The Year of Living Biblically" ou “O ano em que vivi Biblicamente”. É uma notícia antiga essa. Já tinha ouvido falar, mas hoje foi quando a li na íntegra. Um ponto a ressaltar é que a notícia é da Superinteressante, então temos que dar um desconto grande para as palavras que estão escritas lá.

Mas o que quero ressaltar aqui é a leitura ao pé da letra da Bíblia, que a notícia quer focar. Li toda a notícia, e gostei da conclusão de que não se deve ler a Sagrada Escritura ao pé da letra, até porque tem livros que foram escritos há 3 ou 4 mil anos antes de Cristo. Só pode ser brincadeira o cara ler ao pé da letra hoje. Se na época de Jesus já não se podia ler ao pé da letra, imagine hoje. Tem posts meus, aqui nesse blog, que usam a linguagem de hoje, mas mesmo assim não podem ser lidos ao pé da letra, pois fiz questão de escrever com símbolos, imagina algo escrito há 5 mil anos atrás, em outro contexto e época?

Podemos ver isso em At 8, 30 - 31: "Filipe aproximou-se e ouviu que o eunuco lia o profeta Isaías, e perguntou-lhe: Porventura entendes o que estás lendo? Respondeu-lhe: Como é que posso, se não há alguém que mo explique? E rogou a Filipe que subisse e se sentasse junto dele". Ou ainda na carta de Pedro em II Pe 3, 16 quando ele fala dos escritos de São Paulo: "Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras". E continua explicando como devemos fazer nos versículos 17 e 18: "Vós, pois, caríssimos, advertidos de antemão, tomai cuidado para que não caiais da vossa firmeza, levados pelo erro destes homens ímpios. Mas crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele a glória agora e eternamente". Devemos sempre lembrar o que Pedro falou em II Pe 1, 20: "Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal".

Só um detalhe que achei que foi mal colocado na notícia foi quando o autor fala que os cristãos ignoram muito do antigo testamento. Pelo menos os católicos não ignoram o antigo testamento, pois o antigo testamento explica e prepara para a vinda de Jeus. Nós dizemos que o antigo testamento deu ao novo testamento o seu lugar, mas não ignoramos ele. Até porque muita coisa que Jesus fala só entendemos depois que lemos o antigo testamento. Um exemplo simples é quando Jesus tá na cruz e fala: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?", o entendimento disso sozinho é uma coisa, mas quando lemos o Salmo 21, que foi escrito há uma porrada de anos antes de Jesus, entendemos outra coisa desse momento de Jesus na Cruz.

Agora o tal do Jacob foi mala. Não era pra ter interpretação do rabino lá, não. Num era pra ser ao pé da letra? Deu uma escapada da mutilação da mulher e da dele também, pois no que tange aos pecados dele, ele deveria arrancar o olho ou cortar a mão. Quando o negócio apertou, num instante veio a interpretação, né? Bonito demais. :)

Pelo menos o cara conclui dizendo que a Bíblia mudou a vida dele. :)

Por fim, repito o que sempre digo: A gente só ama aquilo o que a gente conhece. Não dá pra amar o que a gente não conhece. Aí complica!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A fama da morte

Não sei de onde vem essa idéia do ser humano ser valorizado depois da morte. Talvez seja a vontade do homem de eternizar as coisas e as pessoas. Talvez seja saudade do Eterno.

Mas enfim, Biografia de Steve Jobs (que ainda vai chegar em Novembro nos EUA) teve aumento de 42.000% nas vendas. O que leva um livro sair da posição 424 para a posição 1, na maior loja online do mundo, a Amazon? Do dia pra a noite: POW. Steve Jobs estava doente, isso todos sabem, mas bastou ele fechar os olhos para esse mundo que o livro de Walter Isaacson sofreu uma alteração mais que exponencial de solicitações de compras por parte de amantes, curiosos, críticos da figura de Steve. Link da notícia aqui.

Aconteceu isso também com Michael Jackson, que tinha músicas ainda não gravadas. Ayrton Senna também não ficou de fora. Bastou ele morrer no acidente que era capacete pra cá, livros pra lá, ... Sem mencionar das histórias de pintores que ficaram famosos depois de suas mortes.

Fico me questoinando se esse comportamento súbto de exaltação às pessoas que morreram é algo salutar ou não. Se por um lado o legado dessa pessoa é algo bom para os que ficam por aqui, por outro lado passa a idéia de que para ser famoso é preciso morrer. Aquelas almas carentes de amor e que buscam, sem perceber, se alimentar de fama e sucesso, ao invés do amor, podem receber a mensagem de que na hora em que elas morrerem, sua alma será preenchida com essa necessidade.

No caso daquele jovem que entrou na escola do Rio de Janeiro e atirou nas crianças e depois se matou, uma psicóloga falava que de tanto a imprensa focar no assassino, a mensagem que poderia passar para essas pessoas era a de "seu eu quero chamar a atenção então eu faço isso". E ela chamava a imprensa a focar nos policiais que acertaram o jovem. Não consegui achar o vídeo dessa psicóloga falando, mas se alguém achar, pode postar aqui.

Eu sei que são dois casos diferentes, mas minha questão não é sobre os casos em si, mas como as pessoas se comportam diante desses casos.

Enfim, não sei o que tem de ruim e de bom nesse comportamento, os pscólogos amigos me ajudem a responder, mas posso dizer que um comportamento interessante seria o de valorizar quem nós temos desde agora. Isso não impede de continuar dando valor depois da morte, mas comecemos agora. Se você tem alguém: pai, mãe, irmãos, parentes, namorada, noiva, esposa, amigos, colegas, ...; busque valorizar o que essa pessoa É para você, e não o que ela TEM ou FEZ para você. Diga pra ela que ela tem valor pra você, valorize-a, e não espere a irmã morte vir dar seu abraço acolhedor nessa pessoa, para só assim você reconhecer o valor que essa pessoa tem.