quinta-feira, 17 de junho de 2010

Cliente, também sou gente!

Carta de um prestador de serviços ao seu cliente:

Caro cliente,

Venho por meio desta, demonstrar minha profunda indignação pela forma como o senhor tem me tratado por esses anos todos. Imagino que o senhor esteja se perguntando o motivo pelo qual eu estaria indignado, uma vez que o senhor não deu motivo algum para isso.

Pois bem. Antes de começar, gostaria de pedir que o senhor se acalme e ouça com bastante atenção o que vou lhe falar, pois ouvir é a primeira reclamação que tenho que fazer do senhor.

Isso mesmo! O senhor tem se mostrado uma pessoa sem paciência para ouvir. Quando o senhor não interrompe a minha fala, sinto que o senhor só espera o momento de calar-me para descarregar suas dores, frustrações, medos e inseguranças em mim. Não preciso ressaltar que nesse seu monólogo não encontro conexão alguma com as palavras que proferi segundos antes da sua paciência acabar.

Continuando... Sem a capacidade de ouvir, o senhor fatalmente gastará seus neurônios com pensamentos e raciocínios vãos, pois estarão totalmente destoantes da possível solução a qual chegaríamos juntos se o senhor colaborasse comigo.

Por consequência, perdido nos seus pensamento, o senhor agirá de forma errada comigo. Não é de se estranhar se o senhor me chamar de incompetente, me xingar, e exigir que eu realize zilhões de outras tarefas só para esconder a única tarefa que o senhor tem que realizar e não realiza.

Eu sei que o senhor é o cliente e que merece um serviço de qualidade, mas não é por isso que o senhor tem o direito de me tratar mal. Antes do senhor ser cliente e antes de eu ser prestador de serviços, tanto o senhor como eu somos gente. E por ser gente existe uma série de pressupostos que devem ser colocados em prática quando duas pessoas têm uma espécie de relacionamento, mesmo que esse relacionamento seja profissional. Um desses pressupostos é o RESPEITO. Tanto eu como o senhor devemos nos respeitar antes de fazer qualquer negócio, e em cima do respeito nós negociamos: o senhor pede, nós alinhamos as expectativas, e eu faço.

"Ahhhh! É que eu tô com problemas pessoais!", "Ahhhh! Eu estou com muita pressão no trabalho!", "Ahhhh! Eu estou assim!", "Ahhhh! Eu estou assado!", ... Fique sabendo que também tenho problemas pessoais, que também tenho problemas no trabalho, e que nem por isso eu saio por aí atirando em todo mundo. Já dizia um padre da Canção Nova: "o problema é meu, mas meu rosto é do outro". O seu problema é seu. E até o momento em que você não quer minha ajuda para resolvê-lo, ele é SEU. E nessa brincadeira de ser seu pscicólogo, estou ganhando peso por conta dos "vários sapos que o senhor me fez engolir sem nem mastigar, dificultanto a digestão".

Mas podemos recomeçar a partir do seguinte princípio: dois seres humanos vão conversar sobre negócios. Vamos tentar de novo: Olá! Como posso ajudá-lo?