sábado, 10 de outubro de 2009

Errar tá errado!

Cometer erros é algo inaceitável na nossa sociedade. Embora alguém diga: não é bem assim; na vida real, é. E é mesmo!

Dois exemplos curtos que queria partilhar são: os "famosos" e o passado.

  • FAMOSOS
daqueles que são feitos por nós ou pela mídia como ícones, símbolos, exemplos de perfeição. Esses, pior ainda, não têm o direito de errar. Não pela sua natureza, mas pela nossa exigência. Talvez o que esperamos desses nossos super-heróis seja que eles venham nos salvar desse vale de lágrimas que vivemos nesse mundo. E quando não obtemos essa salvação deles o mundo se acaba. Eles são para nós, os nosso Chapolins! KKKKKKKKKKKKKKKK! É engraçado, mas é verdade. Olhamos para eles com aquele olhar que diz: "Oh! E agora? Quem poderá nos defender?" Eles são nossos escravos. Escravos do nosso mundo perfeito. E quando erram é como se tentassem escapar da nossa senzala. Por isso os colocamos no tronco da nossa dor e damo-lhes chibatadas e mais chibatadas, para que eles não voltem a fazer isso contra nós.

  • PASSADO
Olhar para o passado e condenar os erros, ao invés de olhar o presente e o futuro e ver que os erros foram superados e não são mais cometidos, é uma das coisas que fazemos melhor. Não sei se fazemos isso pra puxar conversa com alguém, se faltou assunto, se por ignorância, ou sei lá o que. Só sei que somos experts nisso. Um exemplo que me lembrei foi de uma entrevista na televisão sobre transplante de de órgãos. Hoje existe uma lei que garante o anonimato das pessoas que receberam órgãos. Ou seja, as famílias que doaram os órgãos não sabem quem os recebeu. Agora, faz de conta que 20 anos depois, chegue algum deputado federal (ou quem quer que seja) e acabe com essa lei, pois ela não faz mais sentido agora seja pela maturidade da população, seja pelo número da população brasileira, seja pelo número de transplantes, whatever. Aposto o que você quiser que 99% do Brasil vai se perguntar: "Quem foi que inventou essa lei? Pra que que serve isso? Tem que acabar mesmo. Esse país só tem leis sem sentido." E por aí vai destilando a sua falta de conhecimento tanto no passado como no presente. O mesmo exemplo pode ser dado se daqui a 50 anos algum deputado (ou quem quer que seja) resolver trazer essa lei de novo.

É uma maneira fácil e cômoda de omitirmos nossa falta de conhecimento, ou, às vezes, de ver o que a fraqueza, erro, debilidade do outro é a mesma fraqueza, erro, debilidade nossa.

Termino com um texto de um cara da minha área. Um EXEMPLO da minha área. Seu nome é Karl E. Wiegers. Seu CV pode ser lido no final do texto. Ele diz assim: "No matter how skilled or experienced I am as a software developer, requirements writer, project planner, tester, or book author, I'm going to make mistakes. There is nothing wrong with making mistakes; it is part of what makes us human. Catching the errors early, however, before they become difficult to find and expensive to correct, is very important. A peer review program is a vital component of any quality software development effort, yet too few software professionals have had the experience or training necessary to implement peer reviews successfully." Ah, se todos nós olhassemos os erros dos outros assim. Esse texto pode-se se aplicar a qualquer outra área de conhecimento. Vejo isso como uma meta para a humanidade, o ideal. Não alcançamos esse ponto ainda, mas espero que com a graça de Deus, a humanidade desfrute dos bens que essa maturidade nos proporciona.

Antes que você diga que isso é um texto "romântico" ou "utópico", eu digo que "para compreender os segredos da perfeição é preciso ser pobre de espírito" (Dra. Santa Teresinha do Menino Jesus).

[]'s
Emerson de Lira Espínola

PS: Gostaria de trabalhar com esse Karl Wiegers pra ver se ele é assim mesmo. Agora, aí dele se ele não fizesse isso o que disse pelo menos uma vez.


Karl E. Wiegers, Ph.D., is Principal Consultant with Process Impact, a software process consulting and education company. He previously spent eighteen years at Eastman Kodak Company, where he held positions as a software applications developer, software manager, and software process and quality improvement leader. Karl has been participating in and leading software peer reviews throughout his extensive career.