quarta-feira, 31 de março de 2010

O que é que eu fiz esse tempo todo?

Muita gente não tem o costume de medir o seu tempo. Em que sentido? No sentido de quais atividades foram feitas para alcançar um determinado objetivo durante um certo tempo.

Para alguns isso pode ser neurose; para outros, perda de tempo; para outros desnecessário (nem inflói, nem contribói); para outros, vital para se ter controle da vida. Enfim, medir o tempo ainda divide as pessoas.

Existe um problema nessa divisão? Não! Pelo menos até o ponto onde não se fica prejudicado pelo passar do tempo. O tempo passa, o tempo voa, e tem gente que vive como se estivesse correndo atrás de um ladrão: "Ei, volte aqui seu ladrão de possiblidades de execução de atividades!". Só não sabem essas pessoas que o tempo é surdo e corre pra caramba. :) Só é possível pegá-lo com uma estratégia, um bote, uma tocaia; e só então domá-lo e deixá-lo sob seu controle. É mais ou menos como os humanóides (Na'vi) de Avatar faziam para capturar um animal voador para eles. :). E quem corre e não alcança o tempo, chega ao ponto de não ser capaz de responder à uma simples pergunta: o que você fez (em detalhes) nas últimas três horas?

O sujeito pode até dizer as atividades maiores, ou aquelas que ocuparam mais tempo dele, mas das menores ele não se lembra. Isso é o reflexo de as pequenas atividades não recebem a devida importância. Isso quer dizer que eu devo passar meu dia anotando tudo a cada minuto que se passa? Claro que não, mas alguém deve fazer isso por você. Quem? Algum processo automático. Hoje já existem ferramentas que automatizam essa medição, entretanto ainda têm muito o que melhorar. E esse é um dos projetos que ainda vou fazer na vida: "Melhorar o processo de medição automático de atividades diárias. Medir automaticamente e silenciosamente, sem intervenção humana".

Mas por que devo me preocupar (manual ou automaticamente) em medir o tempo gasto nessas atividades pequenas? Porque medir é bom, ajuda a estimar, e te dá subsídios para seus argumentos.

Certa vez tive que fazer a alteração de uma linha de código. E me entristecia com o tempo que levava para ter essa linha de código atualizada no produto final. Foi quando o meu o cliente chegou pra mim e começou:

- Quanto tempo você leva para fazer a alteração dessa linha de código?
- Duas horas?
- Por quê isso tudo?

E pensando só nas atividades grandes respondi:

- Os servidores demoram em torno de uma hora e meia para sincronizar. E os outros trinta minutos são para seguir o processo.

Mesmo sem acreditar, o cliente concordou. Foi então que eu decidi mostrar nos "mínimos detalhes" o tempo gasto em cada microatividade executada por mim. Foi quando eu mesmo me espantei:

  • Criar CR no bugtracker: 3 min
  • Configurar ambiente de codificação: 5 min
  • Criar branch: 2 min
  • Codificar: 13 min
  • Criar inspeção: 4 min
  • Improdutivo: 24 min
  • Inspeção: 9 min
  • Retrabalho: 0 min
  • Improdutivo: 11 min
  • Merge com a mainline: 10 min
  • Criar e passar label no código na mainline: 1 min
  • Transicionar CR: 8 min
  • Criar instalador: 8 min
  • Reunião com o cliente: 54 min
  • Criar instalador: 22 min
  • Liberar release no servidor do cliente: 6 min

Total: 180 min = 3h

A sorte é que o tempo de sincronização dos servidores aconteceu durante o horário de almoço.

Pude perceber alguns pontos com isso:

  1. Demorei 3h (e não 2h) para fazer o que deveria.
  2. O dia é feito de minutos (considerando que a granularidade de segundos não é tão apropriada para executar atividades normais). De minuto em minuto, o tempo passa. Atividades de poucos minutos quando somadas dão muitos minutos.
  3. Gastei 54 min numa reunião com o cliente. A culpa foi da reunião? De forma alguma. Reunião é o tipo de coisa acontece sempre numa semana. Sempre tem uma reunião surpresa que te toma 30 min, 1h, ou mais. Mas o seu prazo é o mesmo para fazer o que deve. Então isso deve ser contabilizado numa próxima estimativa.
  4. Gastei 13 min para modificar uma linha de código! Quanto processo eu tava seguindo, quantas interrupções eu sofri para chegar ao ponto de gastar 13 min para alterar uma linha? Repetindo: UMA LINHA!!!

Logo ficou claro na minha cabeça a resposta para a pergunta título desse post. E depois que eu mostrei isso para o cliente, num instante ele se convenceu da demora e começou a providenciar melhorias de infra-estrutura e processo nesse projeto que participo.

Resumindo essa conversa toda: medir é bom e ajuda a estimar, ajuda também a apontar as pedras do nosso caminho, e olhar para o relatório de tempo gasto é sempre um desafio de humildade, pois ele vai te dizer algumas verdades que você nem sabia que existiam.

Tempo total para escrever esse post: 1h.

sábado, 13 de março de 2010

Produtividade e dinheiro, INIMIGOS?

Joãozinho é aquele menino das piadas brasileiras que sempre apronta uma presepada com a sua Professora. Hoje vamos ver o dia em que Joãozinho tirou um 10 bem grande, a sua primeira nota 10. :)

P: Joãozinho! Me responda uma coisa!
J: Diga, Professora.
P: Quais são as vantagens de ser produtivo no trabalho?
J: Nenhuma, Professora.
P: Como assim: nenhuma?!
J: Veja bem. Hoje as empresas demandam que os seus funcionários sejam produtivos, ou seja, fazer suas atividades em menos tempo, antes do prazo, para surpreender o cliente...
P: Isso me lembra a história de um navio transatlântico que se chocou com um iceberg no Oceano Atlântico e lá afundou. Eles queriam impressionar a imprensa nova-iorquina ancorando em Nova Iorque antes do programado.
J: É por aí, Professora. É por aí.
P: Mas continue. Estou acompanhando seu raciocínio.
J: Pois bem. Entretanto muitas dessas empresas não sabem o que fazer com o horário restante desse funcionário produtivo.
P: Sério? Acho que estou por fora disso.
J: Sério. E o pior não é nem isso. O pior é que essas empresas mandam o cara pra casa, mas não abonam as horas restantes para a jornada de trabalho desses seres produtivos.
P: Por quê?
J: Sabe como é, né? Nesses tempos de crise, o que se puder fazer pra não gastar dinheiro, eles fazem.
P: Mas, Joãozinho, se o cidadão trabalhar as suas horas normais da jornada de trabalho diária, eles não vão ter que pagar de todo jeito?
J: Sim, Professora. Mas como eu disse, se há qualquer desculpa para não gastar dinheiro, elas vão se agarrar nessa desculpa com toda força e acreditar, como nunca, nessa divindade.
P: Jesus Cristo, salvai-nos!
J: Pois é!
P: Entendi, Joãozinho! Acho que você está certo.
J: Calma! Eu não acabei ainda.
P: Diga.
J: Digamos que um funcionário tem um salário de R$ 9.600,00 e sua jornada de trabalho seja de 8h/dia.
P: Só não sou eu, né, Joãozinho, pois sou professora.
J: De fato não é a senhora, Professora. :)
P: Mas continue.
J: Com um salário desses, o valor da hora desse indivíduo é de R$ 40,00.
P: Que cálculo foi esse Joãozinho?
J: Professora, a senhora está ruim de Matemática, viu?
P: Mais respeito, Joãozinho! Mais respeito!
J: R$ 9.600,00 dividido por 30 dias do mês, dá R$ 320,00 por dia. Dividindo R$ 320,00 por 8h por dia, corta dia com dia, daí a unidade vai ser R$ / h, e 320 / 84, resto 0, desce o 0, 4 e 0 é 40. Logo R$ 40,00 / h.
P: Nossa Joãozinho, você andou estudando por aí? Porque aqui na sala de aula você tem sido uma negação esses anos todos.
J: Mais respeito, Professora! Mais respeito!
P: Ok. Continue seu raciocínio. O valor da hora do sujeito é R$ 40,00.
J: Então, chega um belo dia em que ele consegue ser produtivo e economiza 1h nesse dia. A empresa chega para ele e diz: "Pegue essa hora e coloque no MEU banco de horas". Não fala, obviamente, que essa hora será negativa no banco de horas do cidadão, e positiva no banco de horas da empresa. É aquela história de Método das Partidas Dobradas ou Método Veneziano, sabe?
P: Hããã?
J: Se eu te dou R$ 1,00, você não ganhou ele, mas tá me devendo R$ 1,00. Eu sou credor e você devedora.
P: Tá, acho que entendi. Continue.
J: Pois bem. Sendo assim, o senhor produtivo pensa que está ganhando 1h, mas no fundo está devendo 1h à empresa. Convertendo em reais, ele está devendo R$ 40,00 à empresa e a empresa possui um crédito de R$ 40,00 em relação a ele.
P: É verdade. Nem tinha pensado nisso. Continue.
J: Daí, no dia seguinte, ele já pegou o macete do dia anterior e consegue terminar tudo em 7h. E novamente a empresa o manda para casa. E isso se repete por uma semana, que tem 5 dias úteis. Quanto o senhor produtivo vai estar devendo à empresa?
P: R$ 200,00.
J: Aleluia! Pensei que num ia acertar uma.
P: É o que, Joãozinho?
J: Nada! :) Deixa eu terminar.
P: Hummm!
J: Acontece que, na outra semana, apareceram mais atividades para esse indivíduo realizar e, mesmo usando o macete da semana anterior, ele não consegue realizar o dia em 7h e nem em 8h, verificando que precisa de pelo menos 1h a mais.
P: Ou seja, se não usasse o macete, ele precisaria de mais 2h no dia, e o macete que ele usou continua ajudando ele a fazer mais coisas em menos tempo.
J: Sim. Então ele chega para a empresa e diz: "Olha, tem algum problema em me pagar hora extra se eu precisar de mais 1h de trabalho hoje?". A empresa olha assim e diz: "Nenhum problema, você está me devendo 5h das semana passada. Pode abater essa 1h de hoje dessa dívida". Ora! Como assim, DEVENDO?! O funcionário ajudou a empresa a ganhar tempo nas atividades, logo ajudou a empresa a ganhar dinheiro também. Mas na hora dele ganhar dinheiro, ele simplesmente perde tempo, perde de estar com a família, com amigos, com outras atividades extra-classe (por assim dizer).
P: É verdade, Joãozinho. Se eu for produtiva aqui na escola, a escola ganha, mas eu não.
J: Fora que depois de um tempo alguém da empresa (que não sabe nada da realidade de trabalho daquele funcionário) vai chegar para o indivíduo e perguntar: "POR QUE SEU BANCO DE HORAS ESTÁ TÃO NEGATIVO? VOCÊ NÃO ESTÁ TRABALHANDO AS 8H DIÁRIAS?". E isso sem olhar o banco de horas da empresa que está parrudo de positivo.
P: A empresa bem que podia se perguntar: "O que posso fazer com essas horas positivas no meu banco?". E a partir daí, dar mais incentivos de pesquisa, desenvolvimento ou até mesmo lazer, por que não, né?
J: Pois é, Professora. Penso assim também. Agora pense no seguinte caso: Esse indivíduo não foi produtivo naquela semana anterior (esqueça o macete), mas conseguiu fazer tudo nas suas 8h diárias, na próxima semana ele vai precisar trabalhar 2h a mais por dia, pois como vimos o trabalho aumentou, logo terá 10h a mais no último dia da semana, e 10h a mais para ele são, nada mais nada menos, que R$ 400,00 no bolso.
P: Caramba! Você é um gênio, Joãozinho!
J: Daí eu pergunto: o que é melhor, dever R$ 200,00 ou ganhar R$ 400,00?
P: Nem precisa responder, Joãozinho. Hoje você deu um show de história, economia, matemática, lógica, psicologia, e mundo corporativo.
J: Obrigado, Professora!
P: Eu é quem agradeço. Hoje você vai ganhar um 10 bem bonito.
J: Calma aí.
P: Que foi?
J: A senhora vai me dar, me dar mesmo ou vai guardar no banco de notas da senhora?
P: JOÃOZINHOOOO!!!
J: Porque aí já viu, né, Professora? Se eu precisar de uma nota em outra matéria, e a senhora virar pra mim e disser: "Pode abater daquele 10 bem bonito".
P: Joãozinho! Menos, menos, menos!
J: Sei lá, não sei como é que funciona o colégio quanto a isso!
P: Pronto. Estou te dando o 10 mesmo. Nada vai ser abatido dele.
J: Amém. Aleluia. Até que enfim uma. :)

E foi assim que Joãozinho tirou o seu primeiro 10 na história das suas piadas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

A história da Garça Branca

No caminho para o local onde costumar almoçar, eu sempre passava por uma ponte que ventava muito. Certo dia passando pela ponte, pude observar a luta desigual de uma garça branca com o vento. A garça queria passar a ponte, mas o vento parecia não deixar. Ambos faziam tanta força que a garça, por alguns segundos, parecia parada, paralizada, imóvel, planando no ar.

Eu comecei a torcer pela garça, para que ela passasse a ponte vencendo o vento. Porém a garça branca se rendeu e o vento, como parecia, fez seu trabalho de não deixá-la passar. Mas para quem olhava com um olhar mais esperansoso, podia perceber algo estranho no movimento da garça, pois ela estava voltando. Sim! Ela não desistiu do seu objetivo.

Ela simplesmente deixou que o vento a levasse para ganhar velocidade. Em seguida dobrou à esquerda, e veio com mais velocidade enfrentou o vento novamente, o qual dessa vez parecia ter sido pego de surpresa pela garça branca. Sem chances para o vento, que só podia ver a garça passar por cima dele e, assim, atingir seu objetivo: cruzar a ponte.

Essa história parece aqueles emails que a gente recebe em PPT ou PPS, com uma musiquinha no fundo bem melosa, e no final aparece os créditos da música, do texto, do criador dos slides, não é verdade? Mas para mim, aquilo foi real. Tantas coisas na nossa vida nós queremos agora ou nunca literalmente. Se não for AGORA, será NUNCA! Somos muito orgulhosos para dizer que não conseguimos (esse mundo em que vivemos insiste em nos educar assim); para dizer que agora não deu, mas vai dar depois. Não continuamos tendo esperança de cruzar as pontes que passam na nossa vida, quando o mundo nos mostra barreiras e mais barreiras. Pior é quando sentimos que nada anda (assim como a garça). Mas olha, só não andava porque ela tava fazendo força contrária ao vento. Se ela simplesmente se deixasse vencer pelo vento, fatalmente ela cairia no rio sujo que passa por debaixo da ponte.

Se por um lado isso é historinha de uma garça branca que cruzou a ponte, por outro lado isso é muito sério na nossa vida. Não podemos nos render aos caprichos desse mundo, pois esse sentimento de derrota pode nos invadir em todas as áreas da nossa vida. E aqui vai um recadinho: "Não vos conformeis com este mundo" (Rm 12, 2). Ou seja, não entremos em conformidade com ele, que a nossa forma não seja a mesma dele, que o nosso formato não seja o mesmo dele, que não sejamos confundidos com ele.

"NUNCA FOI TÃO DIFÍCIL como hoje defender Cristo, o Evangelho e a Sua Santa Igreja, pois o chamado “politicamente correto” é exatamente uma vivência de valores anticristãos (aprovação de casamentos gays, aborto, pílula abortiva do dia seguinte, eutanásia, bebê de proveta, manipulação genética de embriões, “produção independente” de filhos sem casamento, etc.). Campeia a imoralidade no meio de nós; o pecado é chamado de virtude e o vício é legalizado como um bem.

COMO UM ROLO COMPRESSOR movido pela mídia, os falsos valores vão invadindo os nossos lares e escolas, criando uma cultura neo-pagã e anti-cristã, deformando a educação das crianças e dos jovens. É preciso com coragem combater tudo isto por amor a Deus e ao homem.
"

Tenhamos esperança em Deus, "que realiza tudo em todos" (I Cor 12, 6), que "faz novas todas as coisas" (Ap 21, 5), continuemos fazendo força contrária, continuemos remando contra a maré, pois quem nos inspira é bem mais forte do que nós e o vento contrário juntos.

Rezemos inspirados pela atitude da garça: "Pai, lança-me, cada dia, na aventura do Espírito, que me tira do comodismo e do abatimento e me faz superar meus próprios limites".