sábado, 14 de junho de 2008

Capítulo II - Ah, se meu Código falasse!

Capítulo II

- Onde estou? - Aos poucos, o rei vai abrindo os olhos.
- Ele está acordando.
- Quem sou eu?
- Será que ele está conseguindo nos ouvir?
- Onde estou?
- Pior... Será que essa alteração não teve nenhum efeito colateral? Será que ele nos vê?
- Vamos testá-lo.

E, compassadamente, um dos conselheiros se dirige ao rei mostrando-lhe três dedos:

- VOS-SA MA-JES-TA-DE, QUAN-TOS DE-DOS O SE-NHOR VÊ A-QUI?
- Três! - Respondeu o rei ainda sonolento.
- O primeiro caso de teste (a visão) passou, vamos testar a audição (o segundo caso de teste).
- Deixe de ser burro, se ele respondeu é porque ele ouviu, né?
- Ahhh, é mesmo.

Nesse momento, o rei vai retomando a consciência e vai reconhecendo os seus conselheiros.

- O que houve? O que aconteceu comigo?
- Alteza... lembra que o deus... é... aquele negócio do nariz... é... nariz e ouvido...
- Fala logo, rapaz! - Temeroso do resultado o rei já demonstrava impaciência - Solta o verbo, abre a pia, speak, vaza a informação!
- É melhor que o senhor mesmo veja, majestade!

E, trazendo um espelho para o rei, um dos conselheiros diz:

- É bom que vossa alteza saiba que nós não concordamos com o que fizemos, mas só fizemos o que o deus pediu. - Defende-se em nome de todos os outros.
- Mostre-me logo! Vire esse espelho para mim!

Ao tempo em que o rei se viu no espelho, logo foi possível ouvir sua indignação.

- Minhas ORELHAS! Onde estão minhas orelhas?! Vieram parar no nariz?! Estão na porta de entrada das narinas?! Que coisa horrível vocês fizeram comigo!
- Se nós tivessemos mais tempo, com certeza teríamos feito coisa melhor, senhor! - Continua se defendendo o conselheiro.
- Cale-se! - Grita o rei indignado. - Eu não entendo como o deus pode achar essa visão agradável. Definitivamente eu não entendo. Isso o que vocês fizeram é o que se pode chamar de GATO.

Todos os conselheiros se encontravam cabisbaixos, enquanto o rei continuava sua lamentação.

- Isso é um GATO DO MATO, daqueles bem safados, podres, maliciosos, de quinta categoria, aliás, de décima categoria. Não entendo! Não entendo! Não entendo como o deus quer que eu execute as tarefas de governar o reino dessa forma.
- Na verdade, senhor, acreditamos que o deus não vai nem olhar isso direito. - Mais uma tentativa frustada de redimir-se.
- Saiam todos daqui, seus trapalhões! Preciso ficar só.

Os conselheiros imediatamente se retiraram do local e foram se reunir com o deus. Enquanto caminhavam para a sala de reunião, comentavam entre si:

- Dá vontade de dizer umas poucas e boas para o deus. - Comenta o primeiro.
- Nunca vi alguém ouvir pelo nariz. - Agora o segundo.
- Mas ele disse que isso era requisito mandatório. - Explica o terceiro.
- Isso é o que me deixa mais indignado! - Exclama o quarto.
- Você tem certeza de que foi isso mesmo o que ele pediu? - Indaga o quinto.
- Sim! - Retruca o terceiro - Ele pediu que o rei também ouvisse pelo nariz!
- É... Tá certo! - Suspira o sexto.
- Certo nada! - Reclama o sétimo - Ele pediu que TAMBÉM ouvisse pelo nariz, mas não pediu que removêssemos as orelhas do local original.
- Caramba, alguém deve ter usado um modelo antigo do design do rei, e com isso as orelhas se foram. - Lamenta o oitavo.
- Quem será que foi? - Questiona o nono.
- Descobrir isso agora é impraticável. - Responde o décimo. - É praticamente impossível. Todo mundo meteu a mão na cabeça do rei, em alguma hora cada um pode ter tirado um pedacinho, e, de pedacinho em pedacinho, foram-se as orelhas do rei para o nariz.
- Será que o deus vai notar? - Questiona o primeiro com bastante preocupação.
- Acredito que sim, pois é requisito. - Reponde o terceiro.
- Isso não é a primeira vez que acontece, pessoal. - Lamenta o oitavo - Acho que o rei tem razão quando nos chamou de trapalhões. Ele mesmo nos lembrou que da última vez quase tiramos uma de suas pernas.
- Já sei! - Se alegra o sétimo - Vamos criar alguém que possa nos auxiliar nas próximas mudanças. Alguém que nos observe e ajude-nos a evitar erros infantis, como esses que temos praticado.
- Ótima idéia! - Concorda o quarto - Mas como se chamaria?

O silêncio tomou conta de todos. Porém, alguns segundos depois, em forma de coral, todos disseram:

- Que tal PROCESSO?!


To be continued...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Ah, se meu Código falasse!

Capítulo I

Era uma vez, num reino muito distante, um rei chamado ...

- Meu nome é Fonte! Código Fonte!

Hummm. Só Código já é o bastante. Ele se esforçava muito para agradar ao deus Usuário, mas, vez por outra, encontrava-se com um problema. Seus conselheiros, chamados Programadores, estavam sempre ajudando-o a corrigir esses problemas que apareciam, de forma que ele agradasse ao deus o mais rápido possível.

Certo dia, seus conselheiros se aproximaram do rei e disseram:

- O deus nos falou que o senhor precisa de reparos em todo o braço direito.
- Vocês acham mesmo? - Questionou o rei. E, olhando para o braço, disse: - Eu o sinto tão bem, tão forte, tão disposto.
- Mas o deus verificou que está faltando mais agilidade. O braço do rei precisa ser mais ágil. Mas não se preocupe, pois nós, seus conselheiros, o ajudaremos nisso.
- Vê lá o que vocês vão fazer, hein! Da última vez que vocês mexeram em mim, eu quase perdi uma perna.
- Não se preocupe! O rei pode ficar de pé aqui?

E começaram a mexer no braço do rei.

- Ai! Ui! Wow! Tá doendo. Cuidado aí!
- Pessoal, mais cuidado com o braço do rei! - Exclamou um dos conselheiros. - O que é isso que vocês estão fazendo? Nunca vi essa técnica de conserto!

O rei estava ficando preocupado com a novidade trazida por seus conselheiros.

- Não se preocupe, Alteza, isso é um novo Padrão de Conserto que aprendemos nos novos pergaminhos do mago GoF.
- E vocês sabem usá-lo mesmo?
- Sim! - Responderam em uníssono.
- Quantas vezes vocês já fizeram isso?
- Esta é a primeira vez, senhor rei. Mas não se preocupe, pois estudamos os pergaminhos cuidadosamente.
- Tudo bem! Go ahead! Mas... que tá doendo, tá.
- Pessoal, mais cautela com o braço do rei!

Dia após dia, os conselheiros trabalhavam na melhoria do braço do rei. O rei não tinha nem o direito de dormir, pois os conselheiros se revezavam dia e noite no conserto do braço real. Não tinha direito à comida, nem bebida!

Passada uma semana, um dos conselheiros trouxe um comunicado do deus para todos:

- Atenção, todos! O deus falou comigo esta noite e pediu para que o rei ouvisse também pelo nariz.
- O QUÊ?! - Exclamam em uníssono.
- Que invenção! - Exclama um.
- Que idiotisse! - Reclama outro!
- Esse deus que me desculpe, mas ele não pensa, não? Só pode ser retardado! - Mais outro reclama!
- Eu acho que ele é cego! - Mais outro opina indignado!
- Meu nariz, não! - Defende-se o rei! - Não! Não! Não! Não! Não! Não! Não! Mil vezes Não!
- Não faz sentido! - Concorda com o rei, um dos conselheiros! - Ele já tem os ouvidos para ouvir! Por que ouvir pelo nariz?
- Vossa Majestade e demais conselheiros, eu concordo plenamente com todos vocês, mas estamos aqui para ajudar o rei a agradar ao deus.

O silêncio tomou conta do lugar, como se todos se sentissem de pés e mãos atados para resolver esse impasse!

- Majestade! - Aproximou-se o conselheiro que trouxe a notícia. - Isso vai doer mais em mim do que no senhor...
-
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii !!!

To be continued...