terça-feira, 28 de outubro de 2008

Capítulo VI - Ah, se meu Código falasse!

Capítulo VI

No dia seguinte após o blá blá blá, assim que todos sairam da sala, o Gigante esperou 5 min de forma que pudesse pegar todos os conselheiros e o Rei na reunião que eles planejaram anteriormente, e pensava consigo mesmo:

- "Vou dar um tempo por aqui, de forma que eu chegue bem na hora em que esses ingratos estejam falando mal de mim, então terei motivos para desembainhar minha espada e derramar algum sangue, nem que seja para amedrontá-los. Não seguiram o processo, então cabeças vão rolar."

E passaram-se os 5 min. Então o guerreiro se dirigiu à passos leves para a cozinha. Interessante é que no meio do caminho ele ouviu umas pegadas de alguma pessoa. Conseguiu se aproximar de forma a tê-la no seu campo visual, mas se manteve distante.

- Deve ser algum dos conselheiros - Pensou o Guerreiro.

O Gigante não conseguiu reconhecer a pessoa, pois estava usando uma capa e um capus. Essa pessoa entrou na porta que levava a um dos corredores que levavam à sala de recepção Real (onde o Rei costumava receber suas visitas). O Gigante ao ver isso ficou confuso, pois a porta da cozinha era no sentido contrário. Então pensou:

- "Ou eu li errado ou o sujeito que vi não tem nada a ver com um dos conselheiros."

E verificando mais uma vez o bilhete ele se certifica que o local do encontro é a cozinha. Nem precisa dizer qual das portas um bom e velho processo escolheu, não é? Ao entrar na cozinha, não vê ninguém, nem mesmo os funcionários reais. Indignado consigo mesmo ele pensa:

- "Droga! Deveria ter pegado a outra porta! Quem manda ser certinho demais?! Será que dá tempo de não perder aquela pessoa de vista? Só se eu correr.".

Então o Guerreiro começou a correr com a missão de não perder aquela pessoa de vista, pois agora a suspeita de que aquela pessoa fosse um dos conselheiros aumentou em 73,92%. Então ele correu o mais rápido que podia. Até que ele conseguiu ver a pessoa novamente, mas ele já fazia tanto barulho com suas passadas pesadas que a pessoa misteriosa começou a correr também. A perseguição prosseguiu até que chegaram à sala de recepção Real, onde o Gigante Guerreiro Processo foi freando por uma enorme rede com pesos nas pontas que caiu do teto.

- O que significa isso?! - Exclama o Processo furiosamente.
- Já ouviu falar de Honeypot, meu caro?! - Fala o Rei se despindo da capa e do capus, à medida que seus conselheiros vão cercando o Processo.

Exatamente: uma armadilha. O Rei e os seus conselheiros armaram uma armadilha para o Gigante. O Processo se agita, se sacode, mas não consegue se libertar da rede, até que cansado ele desiste de se debater. Nesse momento o Rei se aproxima dele e eis que o espanto vem:

- O QUE? NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!! – Chora copiosamente, o Processo, por conta da decepção que chegara aos seus olhos.

O Processo chora de dor no coração ao ver que o Rei estava com os ouvidos no devido lugar e não mais no nariz como estavam antes, bem como usando um cabelo rastafari.

- Isso mesmo Sir Processo. - O Rei continua o seu discusso de vitória - Eu estou consertado. Até que enfim esses trapalhões fizeram uma coisa que prestasse.
- Duvido que o senhor Rei esteja 100% consertado. - Ainda com lágrimas, o Processo lamenta.
- Basta olhar pra mim, e vai ver que estou normal.
- Eu não acredito! - Duvida veementemente o Gigante.
- Sabe de uma coisa? Depois desse tempo que estivemos com o senhor, Sir Processo, e depois de todo o trabalho que o senhor nos obrigou a fazer, nós aprendemos uma lição bastante importante.
- Suponho que tenham aprendido que não conseguem viver sem mim.
- Não, Sir Processo! Definitivamente não foi isso!
- E o que foi então, Alteza?
- Aprendemos que...
- Processo bom é aquele que come na nossa mão - Começa o primeiro.
- Processo bom é aquele que ajuda, e não aquele atrapalha. - Esse foi o segundo.
- Processo bom é aquele que entra mudo e sai calado. Aliás, até calado já tá errado. - O terceiro tava com uma raiva danada.
- Processo bom é aquele que guia, e não aprisiona. - Ajuda nos elogios o quarto.
- Processo bom é aquele que é transparente, e não aquele que aparece inconvenientemente em todo lugar. - Agora é a vez do quinto.
- Processo bom é aquele que obedece, e não aquele que manda. - Vez do sexto.
- Processo bom é aquele que serve, e não aquele que é servido. - Falou o sétimo.
- Processo bom é aquele que acompanha a equipe, e não aquele que faz a equipe acompanhar ele. - Falou o oitavo.
- Processo bom é aquele que junta, e não aquele que espalha. - E agora o nono.
- Processo bom é aquele que é útil, e não aquele que não serve pra nada. - Deixa sua marca o décimo.
- E quer sabe por que você não me pegou na corrida? - Finaliza o Rei com o ciclo de adjetivos. - Porque o senhor é PESADO, Sir Processo, o senhor é PESADO.

O Gigante tenta mais uma vez lutar para se livrar da rede, mas não tem sucesso. E já bastante cansado ele pergunta:

- Como deu tempo de vocês me prepararem essa armadilha? Eu vi o bilhete ontem, e hoje vocês já estavam com tudo pronto, foi muito rápido para um dia só.

O Rei respondeu:

- Simples. Primeiro é que não foi somente um dia, mas 10, pois cada conselheiro foi avisado com o bilhete; segundo é que nós não tínhamos só um bilhete, mas 2. Na última vez que fui à sala do blá blá blá, eu deixei dois bilhetes com o oitavo, que foi passando para todos os outros até chegar no primeiro, que entendeu o recado e deixou a isca para o senhor pegar. Primeiro, por favor, leia o segundo bilhete para o Processo.
- Não tá comigo, não! Eu acho que dei de volta pro segundo.
- Pra mim? Foi aquele papelzinho branco?
- Sim!
- Ou foi o azul?
- Não, o branco!
- Tem certeza?
- Quase 100%.
- Então eu acho que devolvi pro terceiro.
- Eu não peguei em nada! Eu lembro que você passou um papel azul pro quarto!
- Consegue ver que eles não são muito bons com documentos, Alteza? - Coloca o Rei na parede, o Processo.
- Calado! - Defende os seus, o Rei.
- Ahhhhh! Achei! Estava comigo mesmo. - Fala o primeiro todo desconsertado.
- Ai ai ai ai ai!!! Pois bem... Leia.

E o segundo bilhete dizia assim:

"Caros conselheiros,

Nesse bilhete segue o nosso plano para nos livrarmos de vez desse Gigante metido. Repassem esses dois bilhetes, até que todos tomem conhecimento, entretanto o Processo não pode de forma alguma ter conhecimento desse segundo bilhete. Depois que todos tiverem conhecimento do plano, o último vai deixar cair propositalmente no chão da sala o primeiro bilhete, de forma que o Guerreiro imagine que estamos tramando contra ele e ele queira tramar contra nós.

No dia seguinte (como fala no primeiro bilhete) vocês vão sair da sala e vão se dirigir para a sala de recepção Real, e vão segurar a rede até que o Processo venha. E como ele vai vir? Fácil! Eu vou passar disfarçado perto dele e da cozinha. E farei com que ele me siga. Não corro risco, pois acho que ele não vai me seguir até o corredor que dá para a sala de recepção Real, porque ele é muito arrow-mind que só porque leu cozinha, ele vai entrar na cozinha; mas supondo que eu esteja errado e ele me siga, sem problemas. Ele é tão PESADO que não terá pique para me alcançar.

Ass: Fonte"

- Bingo! - Celebra o Rei - Aqui estamos nós com o plano todo executado. Aliás quase todo.
- Como assim "quase todo"? Não me pegaram já? - Sem entender, o Processo pergunta.
- Nós te pegamos. - Responde o Rei - Falta agora te prender.
- O QUE?

E nesse mesmo instante as mãos e pés do Gigante foram presas por correntes a uma máquina enorme.

- Vocês não podem fazer isso! - Se debate e grita, o Processo.
- Já estou fazendo. O senhor será levado para uma de nossas mais seguras masmorras. Lá o senhor viverá para sempre como um consultor para nossas dúvidas. Nada mais que isso. Não dará uma ordem a mais, só obedecerá.
- Vocês ainda vão se arrepender disso o que estão fazendo. - Expressa sua indignação, o Processo.
- Veja! Nesse período de organização do plano, meus conselheiros fizeram o trabalho deles num tempo bem menor do que fariam se fossem seguir suas ordens. Foi super simples essa alteração. Em pouco tempo eles a terminaram. Tudo porque o senhor os obrigava a escrever zilhões de documentos que nem eles, nem eu, nem o deus, nem ninguém vai ler.

Nesse momento, correntes enormes e super-resistentes são presas às mãos e pés do Gigante, o qual sem forças não resiste à prisão.

- Agora Sir Processo, o senhor vai ficar preso e somente obedecerá nossas ordens, servirá também como consultor do que devemos fazer para melhorar nossos resultados e assim agradar ao deus; entretanto não mais que isso: ficará preso dando-nos instruções do que precisa ser feito, mas nós é quem vamos discernir se o que o senhor nos propõe é bom ou não.
- Vocês não perdem por esperar! - Suspira o Guerreiro.
- O QUE?! - Se zanga o Rei. – Levem-no logo daqui. Não quero vê-lo mais por um bom tempo. E lembrem-se de remover suas armas.

Então o Processo ficou calado e não respondeu mais nada ao Rei. Até que, acorrentado, foi levado para a masmorra.

No dia seguinte, o Rei e seus conselheiros marcaram uma reunião extraordinária com o deus, para mostrar os resultados obtidos pelo grupo.

- Vocês fizeram um bom trabalho, pessoal. – Sobe à cabeça de todos os elogios do deus. – Mas onde está aquele grandalhão da última reunião?
- Não está mais entre nós. – Responde o Rei.
- Morreu?!
- Não! Ele está, mas não está entre nós.
- Como assim?!
- Bem... Eu acho que isso é irrelevante para o senhor, não é mesmo?
- É! Nevermind! Bem, até a próxima reunião daqui a 15 dias.

O deus desapareceu como de costume, e todos se foram. E todos viveram felizes para sempre. Aliás, nem todos, pois logo após todos deixarem a sala de reuniões Real, o Rei percebeu que caiu um punhado dos seus dreadlocks (cabelo rastafari) e pergunta a si mesmo:

- O que significa isso? O que houve de errado?!

The End!