sábado, 13 de março de 2010

Produtividade e dinheiro, INIMIGOS?

Joãozinho é aquele menino das piadas brasileiras que sempre apronta uma presepada com a sua Professora. Hoje vamos ver o dia em que Joãozinho tirou um 10 bem grande, a sua primeira nota 10. :)

P: Joãozinho! Me responda uma coisa!
J: Diga, Professora.
P: Quais são as vantagens de ser produtivo no trabalho?
J: Nenhuma, Professora.
P: Como assim: nenhuma?!
J: Veja bem. Hoje as empresas demandam que os seus funcionários sejam produtivos, ou seja, fazer suas atividades em menos tempo, antes do prazo, para surpreender o cliente...
P: Isso me lembra a história de um navio transatlântico que se chocou com um iceberg no Oceano Atlântico e lá afundou. Eles queriam impressionar a imprensa nova-iorquina ancorando em Nova Iorque antes do programado.
J: É por aí, Professora. É por aí.
P: Mas continue. Estou acompanhando seu raciocínio.
J: Pois bem. Entretanto muitas dessas empresas não sabem o que fazer com o horário restante desse funcionário produtivo.
P: Sério? Acho que estou por fora disso.
J: Sério. E o pior não é nem isso. O pior é que essas empresas mandam o cara pra casa, mas não abonam as horas restantes para a jornada de trabalho desses seres produtivos.
P: Por quê?
J: Sabe como é, né? Nesses tempos de crise, o que se puder fazer pra não gastar dinheiro, eles fazem.
P: Mas, Joãozinho, se o cidadão trabalhar as suas horas normais da jornada de trabalho diária, eles não vão ter que pagar de todo jeito?
J: Sim, Professora. Mas como eu disse, se há qualquer desculpa para não gastar dinheiro, elas vão se agarrar nessa desculpa com toda força e acreditar, como nunca, nessa divindade.
P: Jesus Cristo, salvai-nos!
J: Pois é!
P: Entendi, Joãozinho! Acho que você está certo.
J: Calma! Eu não acabei ainda.
P: Diga.
J: Digamos que um funcionário tem um salário de R$ 9.600,00 e sua jornada de trabalho seja de 8h/dia.
P: Só não sou eu, né, Joãozinho, pois sou professora.
J: De fato não é a senhora, Professora. :)
P: Mas continue.
J: Com um salário desses, o valor da hora desse indivíduo é de R$ 40,00.
P: Que cálculo foi esse Joãozinho?
J: Professora, a senhora está ruim de Matemática, viu?
P: Mais respeito, Joãozinho! Mais respeito!
J: R$ 9.600,00 dividido por 30 dias do mês, dá R$ 320,00 por dia. Dividindo R$ 320,00 por 8h por dia, corta dia com dia, daí a unidade vai ser R$ / h, e 320 / 84, resto 0, desce o 0, 4 e 0 é 40. Logo R$ 40,00 / h.
P: Nossa Joãozinho, você andou estudando por aí? Porque aqui na sala de aula você tem sido uma negação esses anos todos.
J: Mais respeito, Professora! Mais respeito!
P: Ok. Continue seu raciocínio. O valor da hora do sujeito é R$ 40,00.
J: Então, chega um belo dia em que ele consegue ser produtivo e economiza 1h nesse dia. A empresa chega para ele e diz: "Pegue essa hora e coloque no MEU banco de horas". Não fala, obviamente, que essa hora será negativa no banco de horas do cidadão, e positiva no banco de horas da empresa. É aquela história de Método das Partidas Dobradas ou Método Veneziano, sabe?
P: Hããã?
J: Se eu te dou R$ 1,00, você não ganhou ele, mas tá me devendo R$ 1,00. Eu sou credor e você devedora.
P: Tá, acho que entendi. Continue.
J: Pois bem. Sendo assim, o senhor produtivo pensa que está ganhando 1h, mas no fundo está devendo 1h à empresa. Convertendo em reais, ele está devendo R$ 40,00 à empresa e a empresa possui um crédito de R$ 40,00 em relação a ele.
P: É verdade. Nem tinha pensado nisso. Continue.
J: Daí, no dia seguinte, ele já pegou o macete do dia anterior e consegue terminar tudo em 7h. E novamente a empresa o manda para casa. E isso se repete por uma semana, que tem 5 dias úteis. Quanto o senhor produtivo vai estar devendo à empresa?
P: R$ 200,00.
J: Aleluia! Pensei que num ia acertar uma.
P: É o que, Joãozinho?
J: Nada! :) Deixa eu terminar.
P: Hummm!
J: Acontece que, na outra semana, apareceram mais atividades para esse indivíduo realizar e, mesmo usando o macete da semana anterior, ele não consegue realizar o dia em 7h e nem em 8h, verificando que precisa de pelo menos 1h a mais.
P: Ou seja, se não usasse o macete, ele precisaria de mais 2h no dia, e o macete que ele usou continua ajudando ele a fazer mais coisas em menos tempo.
J: Sim. Então ele chega para a empresa e diz: "Olha, tem algum problema em me pagar hora extra se eu precisar de mais 1h de trabalho hoje?". A empresa olha assim e diz: "Nenhum problema, você está me devendo 5h das semana passada. Pode abater essa 1h de hoje dessa dívida". Ora! Como assim, DEVENDO?! O funcionário ajudou a empresa a ganhar tempo nas atividades, logo ajudou a empresa a ganhar dinheiro também. Mas na hora dele ganhar dinheiro, ele simplesmente perde tempo, perde de estar com a família, com amigos, com outras atividades extra-classe (por assim dizer).
P: É verdade, Joãozinho. Se eu for produtiva aqui na escola, a escola ganha, mas eu não.
J: Fora que depois de um tempo alguém da empresa (que não sabe nada da realidade de trabalho daquele funcionário) vai chegar para o indivíduo e perguntar: "POR QUE SEU BANCO DE HORAS ESTÁ TÃO NEGATIVO? VOCÊ NÃO ESTÁ TRABALHANDO AS 8H DIÁRIAS?". E isso sem olhar o banco de horas da empresa que está parrudo de positivo.
P: A empresa bem que podia se perguntar: "O que posso fazer com essas horas positivas no meu banco?". E a partir daí, dar mais incentivos de pesquisa, desenvolvimento ou até mesmo lazer, por que não, né?
J: Pois é, Professora. Penso assim também. Agora pense no seguinte caso: Esse indivíduo não foi produtivo naquela semana anterior (esqueça o macete), mas conseguiu fazer tudo nas suas 8h diárias, na próxima semana ele vai precisar trabalhar 2h a mais por dia, pois como vimos o trabalho aumentou, logo terá 10h a mais no último dia da semana, e 10h a mais para ele são, nada mais nada menos, que R$ 400,00 no bolso.
P: Caramba! Você é um gênio, Joãozinho!
J: Daí eu pergunto: o que é melhor, dever R$ 200,00 ou ganhar R$ 400,00?
P: Nem precisa responder, Joãozinho. Hoje você deu um show de história, economia, matemática, lógica, psicologia, e mundo corporativo.
J: Obrigado, Professora!
P: Eu é quem agradeço. Hoje você vai ganhar um 10 bem bonito.
J: Calma aí.
P: Que foi?
J: A senhora vai me dar, me dar mesmo ou vai guardar no banco de notas da senhora?
P: JOÃOZINHOOOO!!!
J: Porque aí já viu, né, Professora? Se eu precisar de uma nota em outra matéria, e a senhora virar pra mim e disser: "Pode abater daquele 10 bem bonito".
P: Joãozinho! Menos, menos, menos!
J: Sei lá, não sei como é que funciona o colégio quanto a isso!
P: Pronto. Estou te dando o 10 mesmo. Nada vai ser abatido dele.
J: Amém. Aleluia. Até que enfim uma. :)

E foi assim que Joãozinho tirou o seu primeiro 10 na história das suas piadas.

2 comentários:

sampaio-e-silva disse...

meu velho...foi sensacional o post!!!!!

tava fazendo as contas aqui do meu "banco de horas" e seu post me deixou depressivo :)

parabens pelo post!

[]'s mauroSilva

Valéria disse...

Já vi que sou esperta! Meu banco tá em torno de 30h negativo :)