segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Intolerância religiosa

Estava lendo esse texto aqui na Internet, cujo o título é "'Deus seja louvado' soa melhor que 'Deus não existe' na nota de Real?", e gostaria de fazer uns comentários à respeiro.

Me dói ler palavras distorcidas. Desde o começo do texto até o final o cara distorceu palavras. Ele defende que não se deve favorecer ninguém, mas esquece de falar em tolerância. Existe uma INTOLERÂNCIA a objetos e frases sagradas, seja em notas de dinheiro, seja em ambientes públicos.

Se essas pessoas argumentam que não é a retirada desses objetos e frases, que vai fazer mal algum, a recíproca é verdadeira. Imagine o grau de intolerância que vai ser criado com essas distorções que ele fez. Só um cego para não ver que o que se está querendo criar não é uma defesa a todas as religiões, mas uma intolerância entre elas e entre quem não tem.

Um amigo meu foi à França, e quando foi puxar as moedas do bolso, o terço veio junto. O dono da loja só faltou expulsar ele fora por conta disso. Vê só o que a França, que o camarada fala no texto, criou. Isso do ponto de vista de maturidade humana é RIDÍCULO. Onde estão os adultos para me ajudar aqui? Como não consigo suportar que alguém expresse sua religião? E olhe que ele tava puxando dinheiro e o terço veio porque tava no bolo. Quer seguir exemplos dos que já fizeram? Então vejam pelo menos as consequências.

O cara começa o texto dizendo que o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Jefferson Aparecido Dias, falou que o Estado "declara sua predileção pela religião que o símbolo ou a frase representam" se colocar o texto. Meu amigo, "Deus" é Deus. Alá é só um nome. Buda, outro. "Seja" é uma forma do verbo ser. "Louvado" é uma expressão que TODA religião tem. Me diga uma religião que não tenha em nenhum momento o LOUVOR. Então "Deus seja Louvado" cabe para todos. Não é favorecimento para ninguém.

Quando ele ironiza sobre "raízes históricas", leia-se "valores". Quem tem valores, preserva-os. E ao contrário do que ele fala, são justamente as raízes históricas que te fazem conhecer quem você é, e não é ignorando-as que você vai ser "quem você quiser" ser (como dito no texto). Isso vai além de religião. Isso entra em filosofia.

"Como garantir que as decisões [judiciais]serão isentas", se esses objetos estiverem lá nos locais de julgamento? Meu amigo, essa daí eu perco até a vontade de falar, mas vamos lá. Para se julgar casos desses, pode ter ou não crucifixo na parede, o que os cristãos apelam é para que haja um estudo filosófico, histórico, antrológico, científico e religioso também. Todos esses devem ser escutados, e não só fazer uma votação de cunho político.

E a pior distorção de todas foi usar o trecho do Evangelho de São Mateus. Dizer que o resto do texto dele se justifica em "dar a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus", é prova de que esse cara não abre uma bíblia para ler, rezar, e estudar há anos.

Pois é isso. O cara distorceu palavras o texto todo. Se pelo menos usasse argumentos em palavras verdadeiras, mas distorcendo, me poupe.

Repito, o que tá se criando é uma intolerância religiosa. E se continuar assim, vai ter Carioca pedindo para tirar o Cristo Redentor de lá. Meu amigo, se eu fosse budista e não consiguisse andar em Copacabana ou em Ipanema, porque consigo ver o Cristo de onde estivesse, e isso me incomodasse, tava na hora de eu voltar para o maternal, pois é lá onde as crianças começam adquirindo maturidade.

Conseguir viver e conviver com gente de outras religiões ou com gente que não tem religião ou não acredita em Deus é o que vai salvar a gente de viver feito a França, por exemplo. Caro autor, por favor, tolerância e palavras verdadeiras.

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