quinta-feira, 15 de julho de 2010

Teu passado te condena - Parte II

PARTE II

- Vejo que com tanta tecnologia, com tanta informação, com tanto conhecimento espalhado pelo mundo de vocês, vocês não aprenderam uma coisa.
- O que o senhor sabe que nós não sabemos? - Questiona o segundo visitante. - Não dá nem para comparar o grau evolucionário do senhor com o nosso.
- Calma! - Exorta o terceiro visitante. - O que é possível o senhor saber, que não seja do nosso conhecimento ?

Então o cientista respondeu:

- Uma coisa que vocês não adquiriram no futuro foi o conhecimento do passado, do contexto em que as coisas aconteceram.
- De que serve o contexto? Fatos são fatos. - Questiona o segundo visitante.
- Acredito que vocês conheçam o método "Ver, Julgar e Agir", pois se para o meu tempo já é velho, imagina para o tempo de vocês.
- Sim! - Responderam em uníssono.
- Mas vejo que vocês só conhecem a teoria dele, e não a prática.
- Que diferença faz? Temos métodos bem mais novos e sofisticados que botam esse método "Ver, Julgar e Agir" no chão. - Repondeu o primeiro visitante.
- Bem, o que eu tenho é este método hoje. E digo a vocês que se vocês tivessem "Visto" melhor o contexto da época, vocês teriam contruído um "Julgamento" mais justo da situação e, por conseguinte tomariam a melhor "Atitude" e talvez nem teriam aparecido aqui na minha casa para me interrogar como se eu fosse um criminoso. Se vocês tivessem usado os seus métodos novos e sofisticados corretamente, deveriam ter entendido o contexto no qual eu e o mundo nos encontrávamos há cinco anos.
- Continue. - Falou o terceiro visitante.
- Eu e o mundo não tínhamos toda essa tecnologia, informação e conhecimento que vocês têm hoje. Então é muito fácil para vocês me massacrarem por uma decisão errada que eu tomei há cinco anos, pois vocês são muito mais avançados do que eu. Exagerando um pouco, mas ainda assim sendo verdade, por que vocês não vão reclamar com o cara que descobriu o fogo? Por que vocês não chegam lá pra ele e perguntam por que ele não usou a água para se aquecer, e dessa forma evitar que o meu mundo sofresse com as queimadas?
- O fogo não serve só para aquecer. - Falou o segundo visitante.
- Como eu disse: Exagerando um pouco.
- Acredito que o senhor está certo. - Responde o terceiro visitante. - Então explique o contexto.
- Nós não tínhamos tecnologia, informação e conhecimento suficientes. Nós usamos as ferramentas que tínhamos na época. Foi o que deu pra fazer. Poderia haver uma ruptura entre a comunidade científica, por conta daquele pequeno grupo. Seria melhor mantermo-nos unidos e chegarmos a uma conclusão juntos, ao invés de nos dividirmos e nos enfraquecermos. Aquele grupo tinha outras idéias, além dessa, que já tinham sido vencidas há centenas de anos por outros cientistas. Então temia que essa idéia deles fosse mais uma de suas loucuras. Eles formavam um grupo pequeno, mas bastante forte, pois tinham entre eles pessoas de grande influência na sociedade. Tive que arriscar e torcer para que o seu número pequeno valesse mais que a capacidade de influenciar que eles tinham.
- Mas não é possível que a sua época seja tão vulnerável a esse tipo de coisa, ao ponto de que colocar o ser humano em perigo. - Responde o segundo.
- Bem-vindos ao meu tempo!
- Estou satisfeito. Por mim, podemos voltar. - Fala o terceiro visitante.
- Hummm. Eu ainda tenho alguns questionamentos. - Fala o segundo visitante.
- Eu me nego a aceitar isso. O senhor não poderia ter feito o que fez. - Fala o primeiro visitante.
- Não tenho o direito de errar? Mais ainda quando não tenho as ferramentas necessárias para acertar? - Pergunta o cientista. - O que posso fazer é pedir desculpas, mas sabendo que fiz o que fiz com as limitações da época.
- Não interessa o motivo! - Reclama o primeiro visitante.
- Dê-me uma equação bastante difícil do seu tempo. - Pediu o cientista.

O primeiro visitante escreveu-a no quadro.

To be continued...

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