sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Crer é fácil. Difícil é EM QUEM crer.



Pegue uma pessoa que tem filhos, mas nunca perdeu um deles. E pergunte a ela se alguma coisa pode preencher o vazio deixado por um filho dela caso ela o perdesse. É possível que ela responda que nada preenche, que nada repara. Mas ela nunca perdeu para poder dizer isso. De onde, então, ela tirou essa resposta. Provavelmente de alguém que perdeu um filho. Alguém que vivenciou e atestou que nada apaga a dor da perda, sobretudo se foi uma perda brutal. A pessoa que não perdeu um filho simplesmente acreditou no que a outra pessoa disse. E não há nada de extraordinário nesse acreditar. Muitas outras pessoas que não têm sequer filhos, acreditariam se essa pessoa que não perdeu um filho repetisse a frase daquela que perdeu. Não seria necessário nem mesmo ver para acreditar, muito menos sentir a dor da perda, mas acreditar seria normal.

Entretanto, quando falamos em Deus, quando falamos que outras pessoas conviveram com Ele, tocaram em Deus encarnado, viram Ele morrer, viram Ele Ressuscitar, viram e experimentaram Seus milagres, caminharam longas jornadas com Ele, receberam ordens dEle, viram, ouviram, sorriram, choraram e falaram com Ele; me vem então a pergunta: por que acreditar em Deus se tornou tão difícil? Por que o acreditar do parágrafo acima é mais fácil do que o acreditar desse parágrafo?

A resposta que me vem de imediato é a facilidade de entendimento. Um entende-se facilmente, o outro não, pois é um mistério. Mas que fique claro que mistério não é algo oculto. Não! É revelado! Mas é inesgotável.

O fato de não entendermos o inesgotável, não pode fazer com que a gente pense que o mistério é falso. Simplesmente não enxergamos mais do que gostaríamos. Entretanto enxergamos. Não devo abandonar o mistério por não compreendê-lo totalmente. Continuo nele para compreende-lo mais e mais. O mistério está aí. Não é ele que está errado, sou eu que não o entendo. É como o texto curtinho que escrevi aqui no meu blog: Deus existe? Se você não sabe achar as raízes da equação, continue estudando que uma hora você consegue. É que hoje falta algo que lá na frente vai servir de impulso para você responder corretamente. E quando vai chegar isso que falta? Aí vai novamente o que já falei aqui sobre o Catecismo (parágrafo 2518) quando ele alerta para a sexta bem-aventurança que diz que os puros de coração verão a Deus. Logo em seguida ele fala de como conseguir a pureza de coração assim: Os fiéis devem crer nos artigos do símbolo, "para que, crendo, obedeçam a Deus; obedecendo, vivam corretamente; vivendo corretamente, purifiquem seu coração; e, purificando o coração, compreendam o que crêem". Às vezes a gente não entende, porque nosso coração não está puro. E se não estiver puro como compreender as coisas do Alto?

Fica aí a reflexão para cada um de nós. Sou tão fácil ser cético para esse segundo parágrafo, mas sou igual a uma "beata" no primeiro parágrafo? Crer não é uma ação irracional, mas pelo contrário é uma decisão da razão. E essa decisão vale tanto para o primeiro como para o segundo parágrafo.

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